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Disputa de terras cria clima de tensão em Porto Seguro, na Bahia.



A equipe do JN no Ar voou nesta segunda-feira (19) para Porto Seguro, no sul da Bahia, para investigar uma disputa de terras que mobiliza índios, produtores e assentados.
O clima no extremo sul da Bahia é de apreensão. De um lado, os índios pataxós, da aldeia Barra Velha, pressionam pela ampliação das terras. Do outro, produtores rurais e até assentados da reforma agrária protestam contra o projeto de ampliação proposto pela Fundação Nacional do Índio, a Funai.
Em abril de 2009, a Advocacia Geral da União deu parecer contrário à ampliação. Com o apoio da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo, a equipe conversou com os envolvidos na disputa.
Viagem curta entre Salvador e Porto Seguro, apenas 40 minutos de voo. Ainda estava escuro quando a equipe do JN no Ar pegou o caminho para a aldeia indígena de Barra Velha, a 150 quilômetros. Os índios se pintaram para receber a equipe, mas eles fazem isso com quase todos os visitantes.
Barra Velha é a mais antiga das aldeias Pataxós. É também a maior em extensão territorial: 8,6 mil hectares. Os índios querem multiplicar por seis vezes essa área, para 52 mil hectares, o correspondente a quase 20% do município de Porto Seguro.
“Aqui na Aldeia Barra Velha, 1,8 mil índios estão cadastrados na Funai”, diz o funcionário da Funai Marcos Alves. Os números não batem: o cacique fala em muito mais gente.
Hoje, eles plantam mandioca, feijão, cultivos de subsistência. A fonte de renda vem, sobretudo, do artesanato e da pesca. A área que os índios querem ocupar inclui o Parque Nacional do Monte Pascoal, um dos últimos trechos preservados de Mata Atlântica na Bahia. Ao todo, 110 propriedades rurais também seriam incorporadas ao território pataxó.
Os produtores rurais ocupam 27 mil hectares, pouco mais da metade da área que, segundo o projeto de ampliação da Funai, seriam terras indígenas da Barra Velha. E nessas terras, há fazendas de pecuário e de produção de frutas, como a banana, por exemplo.
São 25 mil toneladas de frutas por mês. Cacau, mamão e café também são plantados nas fazendas. Boa parte das terras foi irrigada e, segundo os produtores, a população da área chega a quatro mil pessoas, incluindo os empregados das fazendas.
Um agricultor mostra o título de propriedade das terras que ocupa, concedido pelo Governo da Bahia em 1982. Ele diz que os outros produtores da região também têm documentos de posse e se queixa que, no levantamento feito pela Funai para a demarcação da área, não houve identificação das fazendas e suas benfeitorias. “Isso dificulta a defesa dos produtores rurais”, apontou o produtor rural Lindomar Lembrance.

O coordenador regional da Funai, Francisco Paes, diz que o processo ainda não foi concluído. Os produtores também se queixam de invasões promovidas pelos índios. Dona Maria, que criava gado em 150 hectares, não pode voltar para suas terras. As terras dela viraram uma aldeia indígena.
O litígio provocou uma aliança rara nas disputas por terras. No sul da Bahia, assentados da reforma agrária e fazendeiros estão do mesmo lado. Terras de assentamentos também estariam incluídas na área da reserva indígena. Em meio ao impasse sobre a questão indígena, a tensão aumenta dia a dia. E cada um cava sua trincheira na terra do descobrimento.
A Advocacia Geral da União disse nesta terça que, diante de novas informações apresentadas pela Funai, pelo Instituto Chico Mendes e o Incra, vai retomar a avaliação do levantamento técnico feito na região.

Rural Notcias Pesquisa mostra que possvel gerar etanol a partir da ca...

Pesquisadores conseguem retirar etanol da casca do eucalipto


Cientistas querem testar se transformação é viável para o mercado.


É possível gerar etanol a partir da casca do eucalipto. Este é o resultado de uma pesquisa inédita no mundo, realizada por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). A ideia é utilizar mais de sete milhões do resíduo que sobra da madeira utilizada na indústria de papel e celulose. Se tudo der certo, a previsão é que o novo etanol chegue ao mercado em no máximo em 10 anos.


No Brasil, existem mais de 4,5 milhões de hectares de eucalipto. Cada 30 milhões de toneladas de madeira geram sete milhões de toneladas de casca de eucaliptos. De acordo com pesquisadores, uma tonelada pode produzir 200 mil litros de etanol. A quantidade é muito parecida com a cana, até mesmo o de segunda geração, e isso pode dar um incremento no biocombustível.


Cada hectare de eucalipto produz 2,6 mil litros de etanol. Um hectare de cana produz seis mil litros de etanol. O etanol de casca de eucalipto é mais uma fonte de energia alternativa, mas não concorre com o etanol da cana, já consolidado no mercado. A partir de agora, os pesquisadores iniciaram um novo estudo, em parceria com a União Europeia.
A viabilidade econômica depende de vários parâmetros. A ideia é associar o eucalipto com o setor sucroalcooleiro – afirma Carlos Alberto Labate, professor da Esalq/USP.
Casca de eucalipto pode ser muito produtivaCasca de eucalipto pode ser muito produtiva

Fonte: Canal Rural, adaptado por Painel Florestal

Embarque gado em pé volta a crescer

Em agosto, o volume de animais exportados foi o segundo maior do ano
Mônica Costa


Depois do fraco desempenho em julho, quando foram embarcados somente 16 mil cabeças de bovinos vivos, o menor resultado desde 2007, os embarques voltaram a crescer. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), mostram que, em agosto o Brasil exportou 32,4 mil cabeças. O volume representa um aumento de 102% na comparação com o desempenho de julho e figura como o segundo melhor resultado do ano, perdendo apenas para fevereiro, quando foram comercializadas 46 mil cabeças. O faturamento foi de US$37,8 milhões.

“O resultado é positivo, mas ainda está abaixo do desempenho esperado para o período” aponta Alex Santos, da Scot Consultoria. O volume embarcado é 41% menor do que o registrado em igual período do ano passado, quando foram exportados 55 mil bovinos vivos. A receita foi 36% menor.

O analista afirma, ainda, que as condições macroeconômicas continuam as mesmas, com a valorização do real interferindo na competititvidade do setor, por isso, não há expectativa de recuperação expressiva até o final de 2011.

De janeiro a agosto, o Brasil já exportou 238,6 mil cabeças de bovinos vivos, volume 43,3% menor que no mesmo período do ano passado. O faturamento totalizou US$255,8 milhões.

Desse total, 97% dos animais foram exportados pelo Pará, e o restante pelo Rio Grande do Sul. A Venezuela foi o destino de 77% dos animais embarcados, 23% seguiram para o Libano.
Fonte: Portal DBO com dados da Scot Consultoria

Cultivo de florestas é alternativa rentável para produtor rural

Cultivo de florestas é alternativa rentável para produtor rural

Eduardo Riedel, presidente da FAMASUL e do Conselho Deliberativo do Sebrae/MS: "Floresta é um negócio novo e lucrativo"
 “É um negócio novo e lucrativo, uma alternativa comprovadamente viável para diversificar produção e renda de pequenos, médios e grandes produtores”. A afirmação relativa a atividade florestal é do presidente da FAMASUL, Eduardo Riedel, que também é presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/MS, na abertura do workshop Mais Floresta, realizado nesta terça-feira em Três Lagoas (MS).
O evento foi realizado no parque de exposições do município e teve participação de aproximadamente 100 produtores da região, inclusive de São Paulo, estado com o qual Três Lagoas faz divisa. Por concentrar um pólo industrial da celulose, Três Lagoas é referência no País e fora dele no segmento, que por seu potencial de demanda começa a influenciar também produtores do estado vizinho.
O Programa Mais Florestas é desenvolvido pela FAMASUL, SENAR-MS e pelos sindicatos rurais do Estado. A iniciativa leva orientação aos produtores rurais sobre a viabilidade econômica do cultivo de florestas, seja como monocultura, seja consorciada com outras atividades, no modelo integrando de lavoura-pecuária-floresta. Formado por palestras e workshops, o Mais Floresta será levado para 21 municípios sul-mato-grossenses até julho de 2012, e tem objetivo de estimular a elaboração de projetos e investimentos na área florestal, com foco no cultivo de eucalipto e seringueira.
Mato Grosso do Sul tem hoje aproximadamente 300 mil hectares de florestas plantadas. A expectativa, oficializada por meio do Plano Estadual de Florestas, é de que essa área chegue a 1 milhão de hectares até 2030. A demanda vem atender a implantação de parque industrial do segmento de papel e celulose no Estado, em especial na região de Três Lagoas. O município conta hoje com as indústrias Fibria, Eldorado e International Paper. A Portugal Celulose (Portucel) também manifestou interesse em instalar unidade industrial no Estado.
No mês passado, o governo estadual concedeu licença para a Fibria ampliar atuação no Estado e expandir sua área florestal de eucaliptos. Com o aumento, a previsão é de que a produção da Fibria passe 1,3 milhões de toneladas para 3 milhões de toneladas/ano de celulose.
Em relação à seringueira, o diretor da Polifer, Getúlio Ferreira, trouxe dados que acenderam os cifrões dos produtores. A indústria pneumática consome com 70% da produção mundial e o crescimento na frota brasileira aumenta uma demanda que é deficitária no Brasil, pois o País produz menos de 30% da borracha que consome. Tradicionais e maiores produtores de borracha do mercado mundial, Tailândia, Indonésia e Malásia estão renovando suas áreas e não tem capacidade de aumentar sua produção. São Paulo e Mato Grosso são os dois maiores produtores, com 55% e 21%, respectivamente.
Atualmente há 7 bilhões de pés de seringueira produzindo, sendo que a demanda é de 10 bilhões de árvores em produção. O Brasil tem apenas 50 milhões de seringueira em produção, afirmou Ferreira. “Além de garantir grande renda em pequenas áreas, o seringal tem um benefício social grande, pois gera um emprego para cada três mil plantas”, assegura o diretor. 
“A demanda por celulose e borracha está em franca expansão, tornando o investimento nessas espécies de florestas compensatório. Mato Grosso do Sul é a bola da vez das florestas plantadas no Brasil. Deixamos de ser o estado do boi e da soja e temos uma grande oportunidade com a instalação das grandes indústrias”, enfatizou o presidente do Conselho Administrativo do Senar/MS e da Comissão Nacional de Silvicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ademar Júnior.
Entre os temas debatidos no workshop florestal, o mercado da borracha natural e a rentabilidade da cultura da seringueira, o manejo do seringal, linhas de financiamento para o setor, rentabilidade da produção pecuária consorciada com eucalipto e as perspectivas do mercado regional. “O objetivo do workshop não é ensinar a plantar, mas chamar atenção para esta grande oportunidade do produtor rural, com perspectivas concretas de bom retorno financeiro”, enfatizou Eduardo Riedel.
O Mais Floresta já foi levado para os municípios de Inocência, Nova Alvorada do Sul, Paranaíba e Ribas do Rio Pardo. Até junho de 2012, será levado para outros 19 municípios: Água Clara, Jaraguarí, Bandeirantes, Campo Grande, Camapuã, Alcinópolis, Sonora, Figueirão, Chapadão, Costa Rica, Cassilândia, Aparecida do Taboado, Selvíria, Bataguassu, Brasilândia, Anaurilândia, Nova Andradina, Batayporã e Coxim.
O Programa Mais Floresta tem a parceria do Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/MS), Painel Florestal, Polifer, Banco do Brasil (BB), Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Reflore MS, Sociedade Brasileira de Agrossilvicultura (SBAG) e Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Coma carne e salve o planeta

Novo estudo mostra que vacas e bois em pastagens bem manejadas podem ser uma grande arma na luta contra o aquecimento global


Lívia Andrade

Frederic Jean
A pecuária já foi acusada de ser a maior emissora de gases do efeito estufa. Mas agora duas novas pesquisas colocam a atividade no patamar de arma de combate ao aquecimento global. A primeira é da Organização das Nações Unidas para Agricultura (FAO) e afirma que boas pastagens armazenam 30% mais carbono no solo do que áreas de florestas e arbustos. O segundo estudo é da Embrapa Gado de Corte e defende que, se há cinco árvores em crescimento em uma pastagem, elas captam todo metano liberado pelo rúmem do animal. "No Brasil, 80% das pastagens têm quatro ou cinco árvores por hectare, então nossa pecuária teria que ser premiada, ganhar royalties por sequestrar carbono", defende Armindo Kishel, pesquisador da entidade.
Isso prova o quanto a verdade, nos dias atuais, não é absoluta. O que hoje é proclamado alto e bom tom como a mais flagrante realidade, amanhã pode ser decretado como falácia. Foi o que aconteceu com a pecuária. Por causa da emissão de metano, oriundo dos gases emitidos pelos bois, a atividade foi colocada na berlinda e responsabilizada como a maior emissora de gases do efeito estufa. Tanto é que os adeptos do vegetarianismo, como Paul McCartney, aliados a ecoxiitas aproveitaram a oportunidade para bradar: "Salve o planetaplaneta, não coma carne." Eles se basearam num relatório da FAO de 2006 que atribuía 18% das emissões de gases do efeito estufa à pecuária, uma porcentagem maior que qualquer outro setor da economia. De lá para cá, a atividade continuou sofrendo ataques.
O último deles veio à época da COP-15, em Copenhague, na Dinamarca. Enquanto o mundo discutia medidas para restringir o aumento da temperatura em 2ºC, no Brasil um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) deixou a pecuária nacional numa situação delicada. O documento culpava a atividade pelo desmatamento do Cerrado e atribuía ao boi a responsabilidade por 50% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa. Em outras palavras, um nocaute no momento em que o setor tentava se recuper das restrições da União Europeia. "É um absurdo. Por que não colocam na conta quanto a pastagem capta?", questiona Frederico Tanure, pecuarista em Alto Garça, em Mato Grosso.
Mas a própria FAO reviu seu estudo e absolveu a pecuária a pasto. E, no Brasil, outros estudam apontam para o potencial "salvador" da atividade. De acordo com Kishel, "um hectare de pastagem cultivada produz dez toneladas de matéria seca na parte aérea e outras quatro toneladas na parte radicular. Num bom manejo, o boi come cinco toneladas, ou seja, sobram nove toneladas de matéria seca que correspondem a quatro toneladas de carbono. Meia tonelada é sequestrada pelo solo e as outras 3,5 toneladas voltam para a atmosfera". Além disso, por ano, as emissões de metano por boi seriam entre 300 e 500 quilos, ou seja, uma vaca emite menos do que ela consome. Para Cesário Ramalho, pecuarista e presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), "os ataques, na verdade, são estratégias para instaurar novas barreiras alfandegárias, porque o mundo tem medo da competitividade brasileira". Tanto é que a SRB está elaborando, em parceria com pesquisadores brasileiros e gringos, um dossiê para provar ao mundo que a pecuária brasileira é inocente e não pode ser responsabilizada nem pelo desmatamento nem colocada como vilã do aquecimento global.

O boi a pasto representa 93% da Pecuária nacional. Nos EUA, o percentual é de apenas 25%
Para Kishel, o erro do documento veiculado na época da Cop- 15 é considerar a queima de pastagem todo ano, além de pegar dados de pastos degradados e não considerar o sequestro de carbono quando o capim cresce. "A pecuária está concentrada no Centro-Oeste, Sudeste e Sul e 99% dos pecuaristas não utilizam as queimadas. Elas só são feitas em novas áreas, regiões de fronteira agrícola, mas há muito pouco de pecuária nessas localidades", diz Kishel.
Trocando em miúdos, com os novos estudos, a pecuária brasileira sai da berlinda e ganha o status de arma no combate ao aquecimento global. Isso porque apenas 7% do rebanho nacional é confinado, todo o restante é criado a pasto. Uma grande vantagem em relação aos EUA, que têm um percentual de confinamento de 75%. Agora, o desafio é transformar 100% do pasto em pastagens bem cuidadas. Essa premissa, aliada a um bom manejo dos animais (1,4 boi por hectare), ao contrário do que muitos dizem, ajudaria a manter a fertilidade do solo (por causa do estrume) e ainda neutralizar carbono. Neste contexto, o boi de capim produzido no Brasil pode ser a salvação do planeta. E, para o bem da humanidade, talvez alguns vegetarianos tenham que passar a comer o seu bifinho semanal.
Confinamento X Pastagens
Grãos como base da alimentação
O boi cresce mais rápido e emite menos metano, mas no final do processo a produção de carbono é maior



Pastagem como base da alimentação
Animais em pastos bem cultivados ajudam a fixar carbono no solo e aumentar a fertilidade da área

Dinheiro que dá em árvores


Crescimento de fundos de investimentos com foco em negócios florestais pode acelerar expansão do setor


Eduardo Savanachi
Um conhecido ditado ensina que dinheiro não cresce em árvores. Mas há quem não leve essa teoria tão a sério.
Basta notar que nos últimos anos o setor de florestas plantadas tem se tornado um dos alvos preferidos de fundos de investimentos, que enxergam nesse segmento a possibilidade de retornos seguros e lucrativos.
E, nesse rentável mercado, a bola da vez é o Brasil. Com clima favorável, boa genética e disponibilidade de terras boas e baratas, a estimativa é de que fundos, nacionais e estrangeiros, apliquem por aqui cerca de US$ 4 bilhões nos próximos cinco anos.
"As indústrias desse setor têm planos sólidos de expansão que irão demandar recursos. Na mesma medida, existe um grande interesse de investidores em ativos florestais brasileiros", afirma o gerente de novos projetos do Robobank, Dante Pozzi.
Com forte atuação no setor, intermediando ações de empreendedores que buscam capital para expandir seus projetos ou de potenciais investidores que buscam ativos florestais no País, Pozzi vê com bons olhos a chegada desses fundos.
"É um capital que conhece o setor de floresta", analisa. Uma opinião compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), Fernando Henrique da Fonseca.
"A presença de fundos irá ajudar a alavancar o mercado de floresta no País." Essa expectativa se deve à mudança no perfil dos empreendimentos que vêm sendo tocados por esses fundos. Se antes a busca era por projetos consolidados, hoje a ideia é adquirir áreas e implantar projetos próprios, a maioria voltados para o plantio de eucalipto e pínus.
R$ 4 bilhões é o total de recursos que devem ser aplicados no setor de florestas do país
"Com isso, nós começaremos a ter uma disponibilidade de mercado de madeira no Brasil, o que hoje não existe", avalia Fonseca. Já para o diretor de novos investimentos de uma das principais gestoras de fundos florestais do país, a Brazil Timber, Henrique Rodrigues Aretz, a intensificação da presença desses fundos ajudará as indústrias a tirar seus projetos de expansão da gaveta.
"No Brasil ainda há uma mentalidade de que floresta e indústria tenham que andar juntas. Mas faz mais sentido ter esses projetos de plantio na mão de terceiros", explica Aretz. Segundo o diretor, o custo para implantação de uma fábrica de celulose para produzir mil toneladas não sai por menos de US$ 1 bilhão.
"Se você ainda tiver que arcar com os custos de áreas de plantio, fica inviável", pondera. Um cenário que já começa a ganhar seus primeiros contornos. Recentemente a Suzano Papel e Celulose negociou por R$ 311 milhões a venda de cerca de 50 mil hectares de suas áreas de plantio com os fundos Fazenda Turmalina Holdings, vinculado ao americano RMK Fund e Mata Mineira Investimentos Florestais, ligada ao fundo inglês Phaunos FourWinds.
Uma das primeiras companhias de capital nacional do setor, a Brazil Timber gerencia recursos de US$ 260 milhões, a maior parte oriundos de fundos de pensão estrangeiros. "Floresta é um investimento tradicional nos EUA e na Europa", afirma Aretz, que ressalta que o setor é atrativo.
"O retorno médio sustentável varia na faixa de 12 a 16%." Para o diretor, muitos negócios ainda devem acontecer.

Confinar ou não confinar?


Comum nos Estados Unidos, a prática de engorda pelo método intensivo está em queda no Brasil. Saiba por que o confinamento não emplacou por aqui 


Por Alécia Pontes
Nos Estados Unidos é regra: os bovinos nascem nos pastos e são desmamados e levados diretamente aos confinamentos para serem engordados. Os frigoríficos recebem, por ano, cerca de 30 milhões de cabeças para serem abatidas. Essa quantidade de animais rende 11,5 milhões de toneladas de carcaças, que depois são desossadas e preparadas para ir às gôndolas dos supermercados. No Brasil, o abate está na faixa dos 40 milhões de cabeças e a produção é de quase oito milhões de toneladas de carne em equivalente carcaça. Em outras palavras: graças a um sistema mais intensivo de finalização, os americanos conseguem, com 25% a menos de animais abatidos, uma produção 30% superior à obtida por seus colegas brasileiros, que utilizam o sistema tradicional de criação extensiva. E nada indica que esse quadro mude, a curto prazo: a perspectiva para o País é abater apenas 1,9 milhão de bovinos confinados em 2011.
Poderia ser maior a participação dos confinadores no resultado dos abates realizados no Brasil? Uma pesquisa junto aos pecuaristas brasileiros, sobre a intenção de utilizar essa técnica de engorda neste ano, aponta um aumento de 31%, o que equivaleria a 2,5 milhões confinados. Quase ninguém, porém, acredita que isso vá ocorrer, a começar pelos próprios patrocinadores da pesquisa, a Associação Brasileira de Confinadores, Assocon. Foram ouvidos 61 pecuaristas de 11 Estados, e há muita desconfiança de que eles falaram da boca para fora.
No Brasil, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, a engorda de animais em confinamento é utilizada apenas em determinadas situações, como na entressafra do boi, quando faltam pastagens para a engorda, entre os meses de julho e outubro na maior parte do País, principalmente na região Centro- Oeste. Com isso, os pecuaristas acabam melhorando sua remuneração, pois o preço da arroba sobe em função da escassez de oferta de gado para o abate nos frigoríficos. Por parte destes, donos de alguns dos maiores confinamentos do País, eles servem como tentativa para regular os preços.
Caso os pecuaristas cumprissem com o prometido para 2011, o confinamento no País recuperaria parte das quedas dos últimos anos. Os 1,9 milhão de bovinos em 2010 representou um recuo de 10% na comparação com 2009 e queda de 35% ante 2008, ano em que a crise econômica mundial levou alguns frigoríficos e confinamentos a encerrar suas atividades. Bruno Andrade, zootecnista da Assocon e responsável pelo levantamento, diz que uma segunda pesquisa pode mostrar um cenário diferente desse que se instalou, mas ele não acredita muito que isso ocorrerá. A entidade realiza mais duas pesquisas no ano. Uma seria neste mês de julho, para monitorar se a intenção se efetivou. Outra será feita em novembro, após o término dos abates dos animais confinados. Em 2010, apenas com a venda de animais aos frigoríficos, o setor movimentou acima de R$ 3 bilhões.
Ao contrário do ocorrido no início do segundo semestre de 2010, período em que os pecuaristas fazem contas para ajudar na tomada de decisão, em 2011, não estão dadas condições favoráveis. Mesmo com a perspectiva de cotações da arroba do boi gordo na casa dos três dígitos, prevista para meados do mês de outubro, entre R$ 112 e R$ 115, no mercado físico.

foto: Rafae l Hupsel/Ag. Istoé
Conta que não fecha: "Em Goiás, o gado magro está custando R$ 95 a arroba e os frigoríficos estão pagando R$ 98 pela arroba do gado pronto", diz Ricardo Merola
No ano passado, a forte valorização da arroba do boi gordo, o baixo custo de produção e a demanda por parte dos frigoríficos estimularam os pecuaristas a apostar no confinamento.Segundo Fábio Maia de Oliveira, diretor executivo da Assocon, somente se houver a conjunção de mais alguns fatores, as intenções para 2011 se concretizarão. Entre elas, está a valorização ainda maior da arroba no mercado futuro e a queda do suporte dos pastos além do considerado normal, como aconteceu na seca do ano passado, a mais severa desde 2007. "O que desmente as intenções é que, apesar de os confinadores afirmarem que pretendem fechar um número maior de animais, até o momento, as compras de bois magros não confirmam essa intenção", diz.
No mercado de compra e venda de animais, o preço do gado magro a ser confinado está acima do preço efetivo da arroba. A Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), apontava na primeira quinzena de junho para garrotes de 12 arrobas em São Paulo e cotações de até R$ 1,2 mil por cabeça, preço equivalente a uma arroba de R$ 100. No mercado físico, no mesmo período, a arroba valia entre R$ 97 e R$ 98 para pagamento à vista. No primeiro semestre de 2011, as cotações do boi magro registraram aumento de 29% em relação a igual período de 2010. Para Oliveira, a perspectiva de estagnação no confinamento também está ligada ao aumento de 24% no custo da dieta animal, puxado pelas altas do milho, do farelo de soja e do sorgo.
Prato do boi: estagnação no confinamento também está ligada ao aumento de 24% no custo da dieta animal, puxado pelas altas do milho, do farelo de soja e do sorgo
O confinador Ricardo de Castro Merola, da Fazenda Santa Fé, em Santa Helena de Goiás (GO), acredita que em meados de outubro, mesmo com a perspectiva da arroba acima de R$ 110, deverá faltar gado pronto para o abate. "A alta no custo de produção e o aumento nas cotações de animais para reposição bastam para sinalizar que o confinamento não avançará", diz Merola. Sua previsão é confinar 20 mil animais, um recuo de 25% na comparação com 2010 e queda de 75% ante 2009. "Em Goiás, o boi magro está custando R$ 95 a arroba. No boi gordo, os frigoríficos estão pagando R$ 98. A conta não fecha."
Outro desanimado com a atividade é Edílson de Souza, da Agropecuária Nova Era, de Alto Paraíso (GO), que planeja deixar de ser confinador até 2013. "A agricultura está mais rentável", afirma. A Nova Era deve confinar 1,2 mil cabeças, uma redução de 25% ante 2010. Nos próximos anos, Souza quer destinar toda a área de dez mil hectares ao cultivo de milho, feijão, soja e sorgo.
Na contramão dos céticos e pessimistas, há quem acredite que a estimativa de aumento do número de animais confinados se confirmará. Maurício Palma Nogueira, diretor da Bigma Consultoria, de Casa Branca (SP), diz que o aumento no custo de produção da arroba não deverá frear o crescimento do setor. "Há uma diferença fundamental de cenário", afirma Nogueira. "Em 2010, o produtor não acreditava em altas cotações da arroba para o segundo semestre. Em 2011, ele acredita e muito." Para Nogueira, esse é um dado novo, que deve ser levado em consideração. "Acredito que o setor deva crescer entre 20% e 25%", diz. "O País já tem estrutura para avançar 30%."
Eduardo Moura, atual presidente da Assocon e proprietário da Marca Agropecuária, de Barra do Garças (MT), reforça o grupo dos otimistas. Moura aposta no confinamento porque, apesar do encarecimento do milho - que é a principal fonte de alimento dos animais -, a cotação da arroba bovina melhorou. "Embora ela tenha dado sinais de instabilidade no final da safra, deve ganhar força nos próximos meses", diz Moura. Ele prega entre seus pares a busca de maior rentabilidade através da eficiência nas negociações com os frigoríficos e no preparo da mão de obra destinada aos confinamentos, para evitar desperdícios na alimentação do gado, um dos gargalos da atividade. "A seca do ano passado, que deixou muita gente sem pastos ainda não recuperados em Mato Grosso, forçará os pecuaristas a levar os animais para algum confinamento", afirma Moura. "O resultado pode vir pela necessidade." A Marca Agropecuária confinará 40 mil bovinos em 2011, aumento de 81,8% em relação ao ano passado.

Folhas ao vento


Em plena expansão, puxada pelo aumento do consumo mundial, a indústria brasileira de papel e celulose enfrenta incertezas jurídicas que inibem investimentos e podem comprometer o crescimento do setor


Juliana Ribeiro
Crescimento: na última década, o setor recebeu R$19,2 bilhões em investimentos de infraestrutura e plantio de novas áreas

Até onde a vista alcança, os números da indústria de papel e celulose no Brasil fariam bonito em qualquer lugar do mundo. Com receitas de R$ 31 bilhões e uma produção de 9,8 milhões de toneladas, o setor, que reúne 222 fabricantes, exportou R$ 10,8 bilhões no ano passado.
Os investimentos também são apreciáveis: apenas na última década, foram aplicados R$ 19,2 bilhões na ampliação, modernização e implantação de novas fábricas e na formação de florestas de eucaliptos e pínus, que ocupam uma área de 2,5 milhões de hectares.
No entanto, apesar da pujança e do bom momento dessa indústria, alavancados pelo aumento da demanda mundial por papel, não falta quem tema pelo futuro da atividade. Entre os obstáculos ao desenvolvimento do setor nos próximos anos, figuram a elevada carga tributária, a insegurança jurídica para novos investimentos e a restrição de compras de terras por estrangeiros, o que poderia comprometer a execução do programa de investimentos da ordem de R$ 32 bilhões até 2018, somente no Brasil, número fornecido pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). “Esse valor pode cair, principalmente se a restrição de compras de terras por empresas de capital misto ou estrangeiro persistir”, diz Elizabeth de Carvalhaes, presidenteexecutiva da Bracelpa.
Desde agosto do ano passado, a Lei número 5.709, de 1971, voltou a vigorar, após idas e vindas dos pareceres da Advocacia-Geral da União sobre a sua validade. Pela lei, todo estrangeiro, pessoa física ou jurídica, que for adquirir terra em qualquer região do País, deve obter autorização do Incra. Dados de janeiro deste ano, fornecidos pelo próprio órgão, indicam a existência, nas mãos de estrangeiros, de 34.300 propriedades brasileiras, num total de 4,5 milhões de hectares. Segundo Elizabeth, desde que a norma voltou a valer, o Brasil deixou de receber cerca de US $ 6 bilhões de investimentos no setor de papel e celulose, o equivalente a R$ 9,6 bilhões, que respondem por algo em torno de 30% do faturamento do setor no ano passado.
O valor seria usado para a aquisição de novas áreas, infraestrutura e tecnologia. “Está tudo interligado, não dá para investir em estrutura sem ter áreas de floresta para fornecer matéria-prima”, diz Elizabeth.
Mercado externo: maior embarque de papel reflete o aumento do consumo nos países emergentes
Com esse quadro, muitas empresas estrangeiras passaram a rever os planos de investimentos no Brasil, para os próximos anos, e reduziram a marcha. É o caso da americana International Paper (IP), que detém 45% do mercado de papel no formato A4 no Brasil e 30% do papel para impressão offset. “Um dos fatores que está nos fazendo analisar novamente nossos investimentos é a questão da normativa”, afirma Ricardo Zangirolami, diretor jurídico e de assuntos corporativos da IP. Ele lembra que, entre a compra de uma nova área, o plantio e o corte das árvores para a produção de papel, são necessários, em média, 25 anos.
“Quem vem ao Brasil para investir no setor, praticamente, casa com o País”, diz Nilson Cardoso, diretor comercial da IP. Some-se a isso o peso considerável da alta carga tributária e a valorização do câmbio, e o cenário fica pouco atrativo para novos investidores, significando perdas para a economia brasileira. “A carga tributária sobre os novos investimentos varia entre 18% e 20% do valor total gasto, é demais”, diz Elizabeth.
Embora 100% do seu capital seja nacional, a Fibria, empresa resultante da fusão entre a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel, reforça as reclamações da IP, apontando outros problemas – a falta de infraestrutura para transporte e o real valorizado –, como entraves para a expansão do setor. “Para quem exporta, câmbio valorizado significa menos divisas em reais”, afirma João Elek, diretor financeiro da Fibria.
De acordo com ele, a empresa tem pronto o projeto de uma nova fábrica, com capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de papel e celulose ao ano. “Para isso, ter áreas de florestas que sejam de fácil acesso é fundamental para abastecer essa unidade”, diz Elek. Ele sabe que a vida dos fabricantes de papel e celulose não será fácil daqui para a frente. Nos últimos dez anos, lembra, a concorrência aumentou com o crescimento nas vendas de notebooks, tablets, palmtops e a possibilidade de leituras digitais, o que, num primeiro momento, poderia significar uma diminuição das vendas.
fotos Ricardo Teles
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Mesmo assim, Elek não chega a se alarmar já que prevê a possibilidade de coexistência entre o papel e as geringonças digitais. “Há espaço para ambos no mundo”, diz Elek. Ele explica que os mercados emergentes ainda têm muita demanda e potencial de crescimento no consumo não só de papel e celulose, mas de outros itens. “Enquanto na Europa e nos Estados Unidos há encolhimento dos jornais, eles crescem em tiragem na Ásia e na África”, afirma. Na verdade, garante, a demanda por papel em todo o mundo vem aumentando.
Entre os fatores que puxaram o aumento do consumo estão o crescimento acelerado da China e a ampliação das classes médias nos países emergentes, inclusive no Brasil. “Percebese isso pelo aumento de consumo de livros no mercado doméstico. Com maior poder aquisitivo, as pessoas leem mais”, diz Cardoso, da IP. Dados da Câmara Brasileira de Livros comprovam essa afirmação. Em 2008, a indústria de livros faturou R$ 2,4 bilhões, número que obteve um acréscimo de 4,3% em 2009, chegando a R$ 2,5 bilhões. Isso significou um aumento nas vendas, que passaram de 211,5 milhões para 228,7 milhões de exemplares em 2009.
Diante do aquecimento do mercado editorial, a IP planeja instalar uma segunda máquina para a produção de papel na sua unidade de Três Lagoas (MS), com investimento estimado em US$ 300 milhões, independentemente da remoção dos empecilhos legais, tributários e cambiais existentes atualmente. “Mesmo com os problemas, temos que trabalhar para atender à demanda mundial por papel”, diz Cardoso.

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Realizado Seminário de Georreferenciamento de imóveis rurais em Itamaraju


O Seminário aconteceu na manhã  desta sexta-feira (2) no auditório da Câmara Municipal de Itamaraju, com as ilustres presenças de Quêidimar Cristina Guzzo (Presidente do Comitê Regional de Certificação - INCRA/ES), Elias Fernando Lucas (Vice-Presidente do Comitê Regional de Certificação - INCRA/BA), Geraldo Passos Amorim (Engenheiro Civil-UFES e Técnico em Estradas-ETFES), José Urbano Correia (Presidente do Sindicato Patronal Rural de Itamaraju), e o engenheiro agrônomo José Henrique. Na oportunidade foram discutidos temas como a divulgação da sistemática da identificação do imóvel rural e os procedimentos adotados pós-certificação, Sistema de Topografia e GPS – seu uso no Levantamento Cadastral, s qualidade do processamento/ajustamento nos processos de certificação do INCRA, formulação do processo de certificação e sua análise pelo INCRA, a qualidade técnica da JHJ AMBIENTAL e o papel do Sindicato de Itamaraju no processo de certificação.

A presidente do Comitê Regional de Certificação - INCRA/ES, Quêidimar Cristina Guzzo, relatou que o georreferenciamento consiste no DNA da descrição do imóvel rural em suas características, limites e confrontações, realizando o levantamento das coordenadas das vértices definidores dos imóveis rurais, georreferenciamento ao Sistema Geodésico Brasileiro, com precisão posicional fixada pelo INCRA.
Disse ainda que o trabalho de georreferenciamento envolve além do levantamento de dados, cálculos, análises documentais, projetos e desenhos, em consonância com o disposto na legislação com o disposto na legislação federal e na norma técnica do INCRA. O trabalho possui estreita relação com o processo gerencial da propriedade, pois é através deste que o proprietário irá unificar e gerenciar forma mais eficiente ás informação da propriedade no que diz respeito INCRA, Receita Federal e Cartórios.

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