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Lula pediu para adiar mensalão, diz ministro


Da Agência Estado

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para adiar o julgamento do mensalão. Segundo reportagem da revista Veja, a conversa teria ocorrido no escritório de advocacia do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim.

Questionado pela reportagem, durante evento neste sábado em Curitiba (PR), Mendes não quis dar declarações, mas confirmou o conteúdo da reportagem e salientou que nem ele nem os outros ministros do Supremo se sentem intimidados pelo ex-presidente. A expectativa é de que o STF julgue a ação no segundo semestre.

De acordo com a revista, Lula teria comentado que o julgamento agora seria "inconveniente" e feito uma oferta velada. Em troca do apoio ao adiamento, Mendes poderia ter proteção na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Cachoeira.

O ministro do STF é próximo do senador Demóstenes Torres (ex-DEM sem partido-GO) e há rumores sobre um encontro dos dois em Berlim, supostamente pago por Carlinhos Cachoeira. Lula teria perguntado sobre a viagem e comentado que tem controle sobre a CPI. Lula teria dito que uma decisão este ano seria muito influenciada pelo processo eleitoral.

Porém, haveria uma vantagem extra no adiamento: em 2013, os ministros Carlos Ayres Britto (atual presidente do STF) e Cezar Peluso, considerados propensos à condenação, estarão aposentados.

Procurada, a assessoria de Lula negou a conversa e afirmou que ele nunca interferiu no processo, muito menos pressionou ministros do STF a adiar o julgamento, embora considere o mensalão "uma farsa". Jobim foi na mesma linha. "O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso", reagiu. "O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão." Jobim disse, sem entrar em detalhes, que na conversa foram tratadas apenas questões "genéricas", "institucionais". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PSDB quer interpelar Lula sobre acusação de Mendes


Da Agência Estado

Encurralado pela possibilidade de convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, para depor na CPI do Cachoeira, o PSDB prepara medidas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de pressionar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a adiar o julgamento do processo do mensalão.

Setores do partido discutem interpelar o ex-presidente na Justiça, convocá-lo à CPI, bem como a Gilmar, e até propor uma acareação entre os dois. Uma estratégia será fechada nesta segunda-feira, véspera da sessão da CPI na qual pode ser decidida a convocação de Perillo.

"Não há ainda uma definição. Estamos apenas conversando. Mas até amanhã a gente troca ideias sobre qual vai ser o procedimento", informou neste domingo o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), classificando de graves as denúncias contra Lula: "O que houve foi uma afronta a duas instituições: o Congresso e o Judiciário."

Conforme Gilmar, num encontro em Brasília, o ex-presidente Lula lhe ofereceu blindagem na CPI do Cachoeira, de maioria governista, em troca de apoio numa suposta operação do PT para adiar o julgamento do mensalão para 2013. O ministro tem relações estreitas com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de envolvimento com a organização do bicheiro.

A proposta teria sido feita no escritório do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, que negou o teor da conversa e disse que o encontro não foi combinado. Lula também negou o diálogo, por meio de sua assessoria. Já Gilmar se disse "perplexo" com a suposta oferta do ex-presidente.

Integrante da CPI, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) disse ter conversado com o líder no partido na Câmara, Bruno Araújo (PE), que lhe deu aval para defender a convocação de Lula na CPI. Nesta segunda-feira, a bancada tucana na Casa se reúne para fechar uma estratégia para o caso.

"A denúncia é gravíssima: um ex-presidente dizer que manda na CPI e usar isso para chantagear um ministro do Supremo", disse Francischini. "Se é mentira, o Lula tem de vir a público se explicar. É quase impossível um encontro fortuito entre duas autoridades desse porte", acrescentou.

O PT costura com partidos aliados um acordo para a convocação de Perillo e, possivelmente, do governador de Tocantins, Siqueira Campos, outro tucano citado nos grampos da PF. Um depoimento de Agnelo Queiroz (PT-DF) também pode ser aprovado, embora a oposição não tenha votos suficientes, se o embate político acabar paralisando a CPI.

Planalto publica nesta segunda vetos e MP que alteram Código Florestal

As mudanças feitas pela presidente Dilma Rousseff no novo Código Florestal serão conhecidas, na íntegra, nesta segunda-feira (28). Anunciados parcialmente na última sexta (25), os 12 cortes e 32 modificações ao texto aprovado em abril na Câmara dos Deputados serão publicados no "Diário Oficial da União", segundo informou o governo.

Junto com a sanção da nova lei, nesta segunda, a publicação detalhará quais artigos foram vetados e a justificativa para os cortes. Conforme informou o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, será publicada também a medida provisória com as 32 modificações: sendo 14 para recuperar o texto do Senado Federal, cinco novos dispositivos e 13 adequações.O objetivo dos cortes e mudanças no texto aprovado no Congresso, de acordo com o governo, é evitar anistia a desmatadores, beneficiar o pequeno produtor e favorecer a preservação ambiental.

AlteraçõesAs alterações feitas pelo Planalto foram defendidas em entrevista à imprensa na última sexta pelos ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), do Meio Ambiente, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. Eles disseram que o objetivo foi recuperar o texto aprovado, no ano passado, pelo Senado. Na visão do Planalto, a versão concilia a necessidade de preservação ambiental com a viabilização da produção rural, sem prejudicar o pequeno produtor.

Os ministros Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Luís Inácio Adams (AGU) e Mendes Ribeiro (Agricultura) em entrevista sobre o Código Florestal (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Na entrevista, apenas dois pontos alterados foram explicitados. O primeiro trata das regras de recomposição da vegetação nas beiras de rio, que levantou polêmica no Congresso. Classificadas como Áreas de Preservação Permanente (APPs), esses locais são considerados vulneráveis. O segundo trata de princípios que orientam a aplicação das regras.

O texto aprovado na Câmara, em abril, simplificou regras para a recomposição das matas ciliares, com redução das faixas ao longo das margens de rio que deveriam ser reflorestadas pelos produtores rurais.

Pela proposta nova do governo, voltam regras mais específicas para as faixas, variando conforme o tamanho da terra. A intenção é de que todos, pequenos, médios e grandes produtores agrícolas, sejam obrigados a preservar.

Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, outros tipos de APP, como encostas, mangues e topos de morro, também serão preservados, mas não foram dados detalhes de como isso será feito.

Entre os acréscimos a serem feitos pela medida provisória, está a reintrodução no texto de princípios que caracterizam o Código Florestal como uma lei ambiental, como o comprometimento do Brasil com a preservação das florestas e desenvolvimento ecologicamente sustentável. Tal trecho havia sido aprovado no Senado, mas depois foi eliminado na Câmara.

Tramitação
Tanto o veto quanto a medida provisória a serem publicados nesta segunda terão de passar novamente pela análise dos parlamentares. Os vetos só podem ser colocados em pauta pelo presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), sem prazo determinado para ocorrer. Para derrubá-lo, é necessário o apoio de 2/3 dos parlamentares.

Já a medida provisória tem até quatro meses para ser votada, sem perder a validade. O primeiro passo para a análise será a instalação de uma comissão mista de deputados e senadores para analisar se a MP cumpre requisitos constitucionais como relevância e urgência. Passada essa fase, ela começa a tramitar na Câmara. Se aprovada, vai ao Senado e, caso alterada, volta para a análise dos deputados.

Após 45 dias sem conclusão da votação, a MP passa a tramitar com regime de urgência, com prioridade na pauta de qualquer uma das Casas. Pelo cronograma esperado, a medida provisória ainda poderá estar em tramitação durante a Rio+20, conferência sobre desenvolvimento sustentável e ter a votação concluída poucas semanas antes das eleições municipais de outubro.

Código Florestal V3 (Foto: Editoria de Arte/G1)

Índios são donos de 93% Roraima-Sen.Kátia Abreu faz denuncia

Termina missão técnica da FAMATO na Austrália


A Missão Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (FAMATO) e do Serviço de Aprendizagem Rural (SENAR-MT) terminou na quinta-feira (10.05) sua passagem pela Austrália. Agora, os participantes seguem para o segundo destino da viagem: a Nova Zelândia. Neste país, o grupo conhecerá de perto o desenvolvimento da pecuária leiteira que é bastante representativa na região.
Na Austrália o foco de aprendizagem foi a pecuária de corte. A equipe participou da Feira Beef Australia 2012, onde conheceu novas tecnologias e técnicas utilizadas na pecuária australiana. Também houve uma reunião com a Meat and Livestock Australia (MLA), associação dos produtores locais, e com o Conselho Australiano de Gado de Corte (Cattle Council of Australia). O objetivo do encontro foi trocar experiências entre os produtores mato-grossenses e australianos.
A equipe da Missão Técnica também visitou o leilão de gado Queensland Livestock Exchange, na cidade de Rockhampton. O evento é bastante diferente do que acontece no Brasil. No leilão australiano os lances dados correspondem ao valor do quilo de peso vivo do animal e o preço de compra é de U$2,20/Kg em média. Os grandes compradores do leilão são os frigoríficos.
Os participantes também foram a um confinamento de gado Brahman onde a maneira de conduzir os animais na propriedade é bem interessante, feita com um helicóptero.  "A maneira de tocar o gado na fazenda é feita de helicóptero por que os custos com mão de obra são tão elevados que compensa mais o uso do equipamento do que contratar gente especializada", relata o superintendente do SENAR-MT, Tiago Mattosinho.
Outro ponto alto da viagem foi a visita a um confinamento de gado da raça Wagyu, considerada a melhor carne do mundo.  A estrutura dos animais, que pesam cerca de 23 arrobas, chamou a atenção dos membros da viagem, conforme destaca o diretor-executivo da Famato, Seneri Paludo: "Engordar esse gado exige tempo já que os animais ficam confinados 350 dias e vão para o abate com o peso entre 800 kg a 900 kg. Um detalhe importante é que o preço desta carne no mercado chega a ser até o dobro do preço da carne 'normal' ".
Segundo o presidente da FAMATO, Rui Prado, a viagem está sendo um verdadeiro curso intensivo sobre a produção de carne bovina de corte na Austrália. "Estamos conhecendo tudo de maneira aprofundada para repassar aos produtores mato-grossenses quando retornarmos. Nossa expectativa agora é com a pecuária leiteira que veremos em Nova Zelândia", afirma.
A missão começou dia 02 e vai até 16 de maio. Na sexta-feira (11.05) os participantes viajam para a Nova Zelândia onde irão conhecer o desenvolvimento da pecuária leiteira do país, considerado um dos maiores produtores de produtos lácteos do mundo.
Acompanhe todas as notícias sobre a viagem pelo Blog do Sistema FAMATO:http://blogdafamato.wordpress.com.
Assessoria de Comunicação do Sistema FAMATO / SENAR-MThttp://www.sistemafamato.org.br

Kátia Abreu quer incentivar a produção de etanol celulósico no Brasil



A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD-TO) apresentou, na manhã desta quinta-feira, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) emenda ao Projeto de Lei nº 219/10, que dispõe sobre a política Nacional para os Biocombustíveis, acrescentando um dispositivo para incentivar a produção de etanol celulósico, também conhecido como etanol de segunda geração.
Segundo a senadora, na Itália está sendo construída a primeira usina para produção comercial de etanol celulósico, a expectativa é que o processo seja iniciado ainda em 2012. Diretiva da União Européia estabelece que em 2020 pelo menos 10% do combustível utilizado no Bloco deverá ser proveniente de fontes renováveis, criando assim um mercado de fato.
No Brasil, o bagaço e a palha da cana-de-açúcar representam volume significativo de biomassa que poderia ser utilizada para a produção desse tipo de etanol, que é por excelência um combustível de fonte renovável. Além disso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), já está trabalhando na avaliação de outras fontes, como gramíneas forrageiras, utilizadas na alimentação animal, sorgo e algumas espécies de árvores como pinus, eucalipto e duas espécies da Amazônia: tachi-branco e paricá.
Na opinião da senadora, incentivar a produção do etanol celulósico deve ser um dos objetivos da Política para os Biocombustíveis.
“O Brasil tem tradição na produção agrícola e total condições para estar à frente desse mercado. A frota de veículos já está adaptada para uso de etanol. Além disso, o clima tropical favorece a produção da biomassa”, acrescentou Kátia Abreu.

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LULA ESTÁ COM ÓDIO E ABRAÇADO A SEU RANCOR! ELE É HOJE O ÚNICO RISCO QUE ENFRENTA O GOVERNO DILMA.


LULA ESTÁ COM ÓDIO E ABRAÇADO A SEU RANCOR! ELE É HOJE O ÚNICO RISCO QUE ENFRENTA O GOVERNO DILMA. OU: AINDA QUE A GRITARIA SUGIRA O CONTRÁRIO, OS TOTALITÁRIOS JÁ PERDERAM

Considero este texto um dos mais importantes já publicados neste blog. Se gostarem, ajudem a divulgá-lo.*
Eu não gosto da expressão “passar a história a limpo”. Tem apelo inequivocamente totalitário. Fica parecendo que vivemos produzindo rascunhos e que a história verdadeira nos aguarda em algum lugar. Para tanto, teríamos de nos submeter às vontades de um líder, de uma raça, de uma classe ou de partido para atingir, então, aquela verdade verdadeira. A gente sabe aonde isso já deu. Nos milhões de mortos dos vários fascismos e do comunismo. Assim, não existe história a ser “passada a limpo”. Os países que alcançaram a democracia política, como alcançamos, têm é de lutar para tirar da vida pública os corruptos, os aproveitadores e os oportunistas. Isso é “passar a limpo”? Não! isso é melhorar quem somos. Não por acaso, antes que prossiga, noto que Luiz Inácio Lula da Silva é um dos herdeiros dessa visão totalitária supostamente saneadora — daí o seu mentiroso “nunca antes na históriadestepaiz“, como se fosse o fundador do Brasil.
A CPI do Cachoeira poderia ser — pode ser ainda, a depender do andamento, vamos ver — mais uma dessas oportunidades em que práticas detestáveis dos subterrâneos da política vêm à luz, permitindo punir aqueles que abusaram dos cofres públicos, das instituições e da boa-fé dos brasileiros. Ocorre que há uma boa possibilidade de que isso não aconteça. E por quê? Porque Lula está com ódio. Um ódio injustificado. Um ódio de quem não sabe ser grato. Um ódio de quem não encontra a paz senão exercendo o mando. É ele quem centraliza hoje os esforços para que a CPI se transforme num tribunal de acusação da Procuradoria Geral da República, do Supremo Tribunal Federal e da imprensa independente. E já não esconde isso de seus interlocutores.
A presidente Dilma Rousseff, cujo governo não é do meu gosto — e há centenas de textos dizendo por que não — já deve ter percebido (e, se não o percebeu, então padece de uma grave déficit de atenção política): o risco maior de desestabilização de seu governo não vem da oposição ou do jornalismo que leva a sério o seu trabalho. O nome do risco é Lula.
Ele quer se vingar. Mas se vingar exatamente do quê? Não há explicação racional para o seu rancor, como vou demonstrar abaixo. Já foi, sim, um elemento que ajudou a construir a democracia brasileira — não mais do que isto, friso: uma personagem que participou de sua construção. Nem sempre de modo decoroso. Em momentos cruciais, para fortalecer seu partido, atuou como sabotador. Mas o sistema que se queria edificar era mais forte do que a sua sabotagem. Negou-se a homologar a Constituição; recusou-se a participar do Colégio Eleitoral; opôs-se ao Plano Real; disse “não” às reformas que estão hoje na base da estabilidade que aí está… A lista seria longa. Mesmo assim, ao participar do jogo institucional (ainda que sem ter a devida clareza de sua importância), deu a sua cota. Agora que o regime democrático está estabelecido, Lula se esforça para arrastar na sua pantomima e na do seu partido alguns dos pilares do estado democrático e de direito.
Por quê? Seria seu senso de justiça tão mais atilado do que o da maioria? É a sua intolerância com eventuais falcatruas que o leva hoje a armar setores do seu partido e da base aliada para tentar esmagar a Procuradoria, o Supremo e a imprensa? Não! Lamento ter de escrever que é justamente o contrário: o que move a ação de Lula, infelizmente, é o esforço para proteger os quadrilheiros do mensalão.Uma coisa é certa: outros líderes, antes dele, já deram guarida a bandidos. O PT não fundou a corrupção no Brasil. Mas só Lula e seu partido a transformaram num fundamento ético a depender de quem é o corrupto. Se aliado, é só um herói injustiçado.
Ódio imotivadoE Lula, por óbvio, deveria estar com o coração pacificado, lutando para fortalecer as instituições, não para enfraquecê-las. Um conjunto de circunstâncias — somadas a suas qualidades pessoais (e defeitos influentes) — fez dele o que é. Em poucas pessoas, o casamento da “virtù” com a “fortuna” foi tão bem-sucedido. O menino pobre, retirante, tornou-se presidente da República, eleito e reeleito, admirado país e mundo afora. Podemos divergir — e como divergimos! — dessa avaliação, mas nada disso muda o fato objetivo. Quantos andaram ou andarão trajetória tão longa do ponto de partida ao ponto de chegada?
Lula deveria ser grato aos aliados e também aos adversários. Qualquer um que tenha um entendimento mediano da história sabe como os oponentes ajudam a formar a têmpera do líder, oferecendo-lhe oportunidades. Não há, do ponto de vista do Apedeuta, o que corrigir no roteiro. O destino lhe foi extremamente generoso. Sua alma deveria estar em festa. E, no entanto, ele sai proclamando por aí que chegou a hora de ajustar as contas. Com quem? Com quê?
Não farei aqui a linha ingênuo-propositiva, sugerindo que o ex-presidente deixe a CPI trabalhar sem orientação partidária, investigando quem tem de ser investigado, ignorando que há forças políticas em ação e que é parte do jogo a sua articulação para se defender e atacar. Isso é normal no jogo democrático. O que não é aceitável é esse esforço para eliminar todas as outras — à falta de melhor designação, ficarei com esta — “instâncias de verdade” da sociedade. Instâncias que são, reitero, instituições basilares da democracia.
Lula e seus sectários chegaram ao ponto em que acreditam que o PT não pode conviver com uma Procuradoria-Geral da República que não seja um braço do partido; com um Supremo Tribunal Federal que não seja uma seção do partido; com uma imprensa que não seja uma das extensões do partido. Todos eles têm de ser desmoralizados para que, então, o PT surja no horizonte realizando a sua vocação: SER A ÚNICA INSTÂNCIA DE VERDADE. Na conversa que manteve anteontem com petistas, em que anunciou — POR CONTA PRÓPRIA — que o governo vai avançar sobre a mídia, Rui Falcão, presidente do PT, foi claríssimo:
“(a mídia) é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010).”
Ou por outra: o bando heavy metal do PT considera que as instituições da democracia ocupam o seu espaço vital, sufocam-no. Se o partido foi vitorioso e chegou ao poder segundo os instrumentos democráticos, uma vez no topo, é preciso começar a eliminá-los. Esses petistas entendem a política segundo uma linha supostamente evolutiva de que eles seriam os mais aptos. Qualquer outra possibilidade significa um retrocesso. É um mito da velha esquerda, herdado, sim, lá do marxismo — ainda que o partido não seja mais marxista nos fundamentos econômicos. Da velha teoria, herdou a paixão pelo totalitarismo.
Já vimos isso antes e alhuresJá vimos isso antes na história. Na América Latina, a Argentina assiste a um processo ainda mais agressivo, conforme revela matéria da VEJA na edição desta semana (falo a respeito em outro post). Os regimes autoritários ou a depredação da democracia não surgem sem justificativas verossímeis e sem o apoio de muitos inocentes úteis e inúteis. Procedimentos corriqueiros do jogo democrático e do confronto de ideias começam a ser ideologicamente demonizados para que venham a ser considerados crimes. Voltem à fala de Rui Falcão. A simples disputa eleitoral, para ele, é chamada de “manifestação de preconceito” das oposições. A vigilância que toda imprensa deve exercer numa democracia é tratada como ato de sabotagem do governo. E ninguém estranha, é evidente, que VEJA esteja entre os alvos preferenciais dos autoritários.
Aqui e ali alguns tontos se divertem um tatinho achando que a pinima de Lula e de seus extremistas é com a revista em particular. Não é, não! É com a imprensa livre. Se VEJA está entre seus alvos preferenciais, deve ser porque foi o veículo que mais o incomodou. Então se tira da algibeira a acusação obviamente falsa, comprovadamente falsa, de que a publicação participou de conspirações contra esse ou aquele. Ora, digam aí os nomes dos patriotas, com carreiras impolutas, que foram vítimas desse ente tão terrível (leiam post abaixo). VEJA não convidou os malandros do mensalão a fazer malandragens. Também não patrocinou as sem-vergonhices no Dnit. Também não responde pela montanha de dinheiro liberado que não se transformou nem em estradas nem em obras de reparo. A revista relatou essas safadezas. Com quem falou para obter informações que eram do interesse de quem me lê de outros milhões de brasileiros? Isso não é da conta de Lula! Ele, como sabemos, só dialoga com a fina flor do pensamento… Só que há uma diferença importante: um jornalista que se respeita não fala com vigaristas para ser ou manter o poder. Se o faz, é para denunciar o poder! E assim foi, o que rendeu a demissão de corruptos e a preservação do patrimônio público.
É claro que isso excita a fúria dos totalitários. Na Argentina, a tropa de Cristina Kirchner costuma ser ainda mais criativa — e, em certa medida, grosseira — do que seus pares brasileiros. Por lá, a agressão à imprensa chegou mais longe. Começou com uma rusga com o Clarín, que apoiava o casal Kirchner. Agora, trata-se de um confronto com o jornalismo livre. A exemplo do que ocorre no Brasil, uma verdadeira horda está mobilizada pelo oficialismo para destruir a democracia. Também lá, a subimprensa alugada pelo poder, conduzida por anões morais, ajuda a fazer o serviço sujo.
Voltando e caminhando para a conclusãoLula e seus extremistas estão indo longe demais! Quando um secretário-geral da Presidência reúne deputados e senadores do seu partido, como fez Gilberto Carvalho, para determinar que o centro das preocupações da CPI deve ser o mensalão, esse ministro já não se ocupa mais do governo, mas de um projeto de esmagamento da boa ordem democrática; esse ministro não demonstra interesse em identificar e pedir que a Justiça puna os corruptos, mas em impedir que outros corruptos sejam punidos. E por quê?
Por que Lula está com ódio? De várias maneiras, o seu conhecido projeto continuísta se mostra, hoje, impossível. Não é surpresa para ninguém que mais apostavam no naufrágio de Dilma algumas alas do PT que nunca a consideraram petista o suficiente do que propriamente a oposição. Estaria eu flertando com o governo, como disseram alguns tontos? Ah, tenham paciência! Não mudei um milímetro a minha avaliação sobre a gestão Dilma Rousseff e sempre escrevi aqui — vejam lá! — que as denúncias de lambanças feitas pela imprensa livre, seguidas das demissões, fariam bem à sua imagem e à sua reputação. Está em arquivo. Sei o que escrevo e tenho, alguns podem lamentar, uma memória impecável. Assim, a presidente não me decepciona porque eu não esperava mais do que isso. Também não me surpreende porque eu não esperava menos do que isso. Contrariados estão alguns fanáticos do petismo que acreditam que há certos “trancos” na democracia que só podem ser dados por Lula. Sim, eles têm razão. Infeliz E felizmente, só Lula poderia fazer certas coisas. E não vai fazê-las. Não se enganem, não! A avaliação de Dilma lá nas alturas surpreende e decepciona os que apostavam no retorno de Lula. Eu não tenho nada com isso porque nunca fui dessa religião… Ou melhor: até fui, quando era menino e pensava como menino, como diria o apóstolo Paulo… Depois eu cresci.
Lula tenta instrumentalizar essa CPI para realizar a obra que não conseguiu realizar quando era presidente: destruir de vez a oposição, botar uma canga na imprensa e “passar a história a limpo”, segundo o padrão do revisionismo petista. Mas a democracia — e ele tantas vezes foi personagem minúscula de sua construção, quando poderia ter sido maiúscula — não vai deixar. Não conseguirá arrastar as instituições em seu delírio totalitário. Tenham a certeza, leitores: por mais que o cerco pareça sugerir o contrário, esse coro do ódio é expressão de uma luta perdida. E a luta foi perdida por eles, não pelos amantes da democracia.
Texto publicado originalmente às 4h49 deste domingo
Por Reinaldo Azevedo

DEBATE: Confira o Debate - Agrishow, Novo Código Florestal na Agrishow 2012


Confira o Debate realizado na Agrishow 2012, sobre o Novo Código Florestal na Agrishow 2012



Dilma recebe texto do Código Florestal; decisão sai até dia 25


A presidente Dilma Rousseff tem até dia 25 de maio para sancionar ou vetar – parcial ou totalmente – o texto do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 25. O texto do Congresso Nacional chegou hoje (7) à Casa Civil e tem prazo de 15 dias úteis para ser avaliado pela presidenta.

O texto aprovado pelos deputados desagradou ambientalistas e não era a versão que o Palácio do Planalto esperava aprovar. Durante a tramitação no Senado, o governo conseguiu chegar a um texto mais equilibrado, mas a bancada ruralista na Câmara alterou o projeto e voltou a incluir pontos controversos.

Entre os pontos polêmicos da nova redação da lei florestal está, por exemplo, a possibilidade de anistia a quem desmatou ilegalmente e a redução dos parâmetros de proteção de áreas de preservação permanente (APPs).

Organizações ambientalistas lideram nas redes sociais um movimento chamado “Veta, Dilma”, pedindo que a presidenta derrube os pontos considerados mais críticos do projeto. Hoje, pela manhã, Dilma recebeu a presidenta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, uma das principais lideranças ruralistas do Congresso.

O veto presidencial pode ocorrer por razões políticas, quando o projeto ou parte dele é considerado contrário ao interesse nacional, ou jurídicas, quando o texto ou parte dele for inconstitucional. O veto é analisado pelo Congresso Nacional, e pode ser derrubado se houver maioria absoluta no Senado e na Câmara.

No site Terra: Código Florestal deve ter veto parcial
De acordo com o site Terra, ministros de Estado disseram que a presidente irá vetar trechos do projeto com caráter de anistia a desmatadores. Depois, Dilma deverá editar uma MP (Medida Provisória) para preencher lacunas da lei ocasionada pelo veto parcial.

O site informa ainda que “a área técnica do governo já vem estudando alternativas aos artigos que deverão ser vetados pela presidente”.

Fonte: Agência Brasil

ENTREVISTA: Campanha na internet “Veta, Dilma!” pode trazer sérios prejuízos à produção de alimentos, diz Almir Rebelo


Ambientalistas fazem pressão com campanha “Veta, Dilma!”, que pode trazer sérios prejuízos para os produtores mais pobres. O veto significaria o travamento do desenvolvimento brasileiro, da produção de alimentos, além de representar o massacre do pequeno produtor.



Canal Rural/Agrishow 2012 - 04/05/12 - Fórum: Agricultura Rumo à Rio+20


Agricultura Rumo à Rio+20

Olivi fala sobre a confusão gerada pelas questões do novo Código Florestal

oão Batista Olivi fala sobre os produtores rurais de Ribeirão Preto (SP), que ainda estão muito confusos com as questões do novo Código Florestal

As damas do negócio

Conheça o NFA, um grupo de executivas que estão mudando o jeito de comandar suas fazendas. No jogo do poder, são elas que estão dando a última palavra


Por Vera Ondei


Foto: Kelsen Fernandes
Da esquerda para a direita: Ana Lúcia Iglesias, da Fazenda Rubayat, em Dourados (MS); Sílvia Morgulis tem seis fazendas em São Paulo; Rosalu Queiroz, das fazendas Jaguaretê, em Nantes (SP), e Eldorado do Sul (RS); Carmem Peres, tem fazendas em Mato Grosso; Beatriz Biagi Becker tem três fazendas em São Paulo e Mato Grosso do Sul; Eliane Massari tem fazendas no Maranhão e no Paraná; Ana Luiza Junqueira Viacava tem fazendas no Paraná, em São Paulo e Mato Grosso; Clélia Pacheco, da fazenda Santa Silvéria, em Piratininga (SP); Cristina Bertelli, da fazenda Natureza II, em Brotas (SP); Cláudia Platzeck, tem fazendas em Mato Grosso do Sul; Lídia Massi Serio, tem quatro fazendas em Mato Grosso do Sul e uma no Paraná; Tereza Cristina Vendramini, da fazenda Jacutinga TC, em Flórida Paulista (SP); Natália Massi Serio é filha de Lídia e secretária-executiva do NFA; Marize Porto Costa, da fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO)

Uma vez por mês, um grupo de 23 mulheres tem hora marcada para conversar. Elas se encontram no 16º andar do prédio da Sociedade Rural Brasileira (SBR), no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, mas não falam de filhos, grifes de roupas ou sapatos, muito menos sobre shopping centers ou o rumo da novela das oito. Donas de sobrenomes poderosos da pecuária, elas ocupam posições-chave no comando de fazendas em Estados como São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão e Rondônia e, por isso mesmo, preferem dedicar o tempo à troca de informações sobre a gestão das propriedades que administram. No grupo, a disciplina é uma virtude coletiva. Chegam sem atraso à vetusta sede da SBR, repleta de sofás forrados de couro e móveis centenários, pontualmente às 14 horas e tomam lugar em uma grande mesa de mogno. Algumas abrem seus notebooks e tablets, outras; os seus blocos de anotações, e se preparam para um encontro que pode durar até quatro horas.
Nessas reuniões, elas tratam de temas como infraestrutura de produção, demandas de mercado, nutrição animal, pastagens, operações na Bolsa de Mercadorias, linhas de crédito, ou qualquer outro assunto escolhido de comum acordo. Os assuntos podem ser abordados a partir da experiência de uma delas na gestão de sua fazenda, ou por algum convidado especialista no tema. Para fazer parte do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA), nome de batismo desse grupo que nasceu no fim de 2010, é preciso ter o nome aprovado por unanimidade, além de a candidata passar por uma sabatina. Raramente a reunião avança além do tempo combinado. Poucos minutos após o término dos trabalhos, a sala começa a ficar vazia. “O que menos queremos é aparecer”, diz Sílvia Morgulis, presidente do NFA.
“Não está no nosso DNA a exposição e a festa, como se fôssemos celebridades.” No entanto, é praticamente impossível manter o anonimato pretendido por Sílvia. Hoje, o NFA, que vicejou num ambiente de negócio tipicamente masculino, começa a ser visto por outros pecuaristas como referência de organização e troca de experiências entre executivos da nova geração do agronegócio. 
Foto: Pedro Dias
Beatriz Corral Jacintho, tem fazendas em São Paulo e Mato Grosso do Sul
Ana Lúcia Quintiliano,tem fazendas no Paraná e em São Paulo
Janaína Flor de Delestem fazendas em Goiás e Mato Grosso

Segundo Ângela Antonioli Pêgas, economista que já passou por empresas como a Ambev e o banco Goldman Sachs, e que atualmente é diretora da Egon Zehnder International, consultoria de recrutamento de executivos com atuação em 38 países, o NFA faz parte de um amplo movimento nas posições de comando das companhias em todos os setores da economia.“As grandes empresas, mais do que nunca, estão em busca de mulheres para assumir posições diretamente na administração do negócio e também nos conselhos”, diz Ângela. Para ela, essas empresas querem a diversidade de ideias, um trunfo que gera resultados positivos na gestão do negócio. “As mulheres, sejam as que atuam em grandes companhias, sejam as que comandam fazendas, acabam desenvolvendo habilidades comuns.”
No caso do NFA, a habilidade comum é a capacidade de administrar, de gerir o patrimônio familiar e impor no dia a dia das fazendas, cada uma a seu modo, a voz de comando do negócio. “Essas mulheres são a terceira geração da agropecuária moderna que se inicia nos anos 1950, e que transformou o Brasil num dos maiores produtores mundiais de grãos e carne”, diz o agrônomo Francisco Vila, da consultoria Projeto Pecuária, de São Paulo. Vila é o único homem com livre acesso às reuniões do NFA. Na verdade, é uma espécie de mentor da entidade: há dois anos, partiu dele a ideia de formar um grupo de executivas do agronegócio. De acordo com ele, quase todas elas são continuadoras da atividade iniciada por seus avôs, os homens que abriram as fazendas no interior do País. “A segunda geração é a de seus pais, quase todos na faixa de 55 a 70 anos”, diz Vila. “Na terceira geração já não houve mais a obrigatoriedade de ser homem para assumir os negócios da família.” O sobrenome, porém, não foi suficiente para garantir a essa turma o acesso às posições de mando “Essa geração se preparou para tomar conta das fazendas”, diz Vila. Muitas são veterinárias, zootecnistas, administradoras, economistas, algumas até com mestrado e doutorado.
Maria Stella Dahma tem fazendas em São Paulo, Goiás e Piauí
Carla de Freitas, da fazenda Bela Vista, em Chupinguaia (RO)
Foto: Samir Baptista / Ag. Istoé
Ana Cecília de Almeida Lancsarisc tem fazendas em São Paulo


As mulheres do NFA podem ser divididas em dois grupos. Um formado pelas que comandam as fazendas a partir da presença constante nas propriedades – que é maioria no grupo; outro que reúne as que administram a partir de seus escritórios nas cidades e é formado pelas mais jovens, que devem assumir totalmente o negócio nos próximos anos. Sílvia, a atual presidente do NFA, faz parte do primeiro grupo. Sílvia é veterinária com pós-doutorado na Universidade de São Paulo, tem pesquisas publicadas em revistas científicas internacionais, com sede na Holanda, faz consultoria para um grupo de investidores australianos na área de saúde animal e é dona de seis fazendas no interior de São Paulo, nas quais cria gado guzerá e cultiva laranja e seringueira. Para ela, desafio é algo constante em sua vida, inclusive no ambiente familiar. “Na nossa família era comum dizer que se você não tivesse pelo menos mestrado raramente teria a palavra à mesa.” Sílvia é filha do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, João Osório de Azevedo Júnior, e desde criança convive com os intelectuais ou empresários, amigos do pai, como o ex-ministro Luís Carlos Bresser Pereira, o educador Fábio Aidar, o empresário Abilio Diniz e o fundador do Itaú BBA, Fernão Bracher. “Desde criança vejo esse grupo em conversas filosóficas que chegavam a varar as madrugadas”, diz Sílvia. 

“As grandes empresas estão em busca de mulheres para assumir posições na administração do negócio e nos conselhos”
Ângela Antonioli Pêgas
A voz de comando no campo
Empresários e dirigentes de entidades dizem por que as mulheres estão conquistando espaço na gestão das fazendas e transformando a criação de gado dessas propriedades familiares


Dos três filhos que tem (dois são advogados), Sílvia acredita que quem vai sucedê-la na administração das fazendas é a filha Maria Alice, que acaba de se formar médica veterinária. Mas, assim como a mãe, Maria Alice quer antes conquistar um espaço só seu. “Primeiro, vou trabalhar por conta própria”, diz Maria Alice. No mês passado, ela embarcou para a Inglaterra para trabalhar como ajudante de baia em um haras próximo de Londres.
Enquanto isso, no Brasil, a rotina de Sílvia inclui pelo menos duas semanas do mês ao volante de uma camionete Nissan Frontier, na companhia de Kiska e Hanna, cadelas australianas das raças blue hiller e australian sheppard, apreciadas na lida com o gado. Essa rotina vem desde 2003, ano em que o pai a convocou para ajudá-lo nas fazendas. Há cinco anos, Sílvia passou a gerir todos os negócios da família e fez, em 2011, o faturamento das atividades no campo aumentar em 31%. 


“Nós queremos ganhar dinheiro, trocar experiências e fazer negócios cada vez mais rentáveis”
Carla de Freitas
 
Para Carla de Freitas, a primeira fazendeira a presidir o NFA, entre setembro de 2010 e fevereiro passado, é esse o objetivo dos encontros. “Nós queremos ganhar dinheiro, trocar experiências e fazer negócios cada vez mais rentáveis”, afirma Carla. Aos 48 anos, é uma das fazendeiras mais conhecidas do Sul de Rondônia, por ter abraçado no final de 1990 o projeto de carne de qualidade Nelore Natural, na época uma tentativa da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) de criar uma marca de carne identificada com a raça. Casada com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, Carla administra a fazenda Bela Vista, em Chupinguaia, de oito mil hectares, herdada do pai, desde 1996. “Quero chegar a 30 mil animais a partir de um planejamento de médio e longo prazo, que venho seguindo à risca.” Carla diz que o NFA faz com que pense no negócio o tempo todo. “Assim é possível a correção de rota, como num avião”, diz. Numa atividade como a pecuária, em que há um longo ciclo entre o nascimento do bezerro e o abate no frigorífico, estar permanentemente antenada pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso do empreendimento. “Se não administrar com mão de ferro você já pode estar morta, mas só vai perceber daqui a três anos.” A rotina de Carla inclui pelo menos dez dias por mês em Rondônia.
As fazendeiras do NFA têm propriedades de todos os tamanhos, de pequenas extensões entre 700 e mil hectares – onde estão rebanhos de gado puro, em programas de melhoramento genético –, a grandes áreas, como é o caso da LMS Agro, de Lídia Regina Massi Serio, da LMS Agro, com cinco fazendas no Paraná e em Mato Grosso Sul, que engorda cerca de xx mil animais em xxx hectares. Ou da Damha Agropecuária, que pertence ao Grupo Encalso, empresa da área de engenharia civil, concessão de rodovias e shopping centers, que tem mais de 70 mil hectares de terras em São Paulo, Goiás e no Piauí, sob o comando de Maria Stella Dahma. “São fazendeiras com tino comercial aguçado, que conseguem enxergar processos muito refinados ao administrar cifras na casa dos milhões de reais”, diz Vila. 
Quando elas se encontram, as reuniões podem durar até quatro horas
O agrônomo Vila é uma espécie de guru com acesso livre ao NFA
Kluthcouski fez da fazenda Santa Brígida um campo de prova para ILPF

Na primeira reunião deste ano do NFA em fevereiro, Lídia, da LMS Agro, foi convocada pelas companheiras para falar sobre a Curva ABC, teoria do economista italiano Vilfredo Pareto, desenvolvida no século 19, em que ele mostrava como 80% da renda de seu país estava nas mãos de 20% da população. A teoria, chamada também de “regra 80/20”, começou a ser observada em outras áreas, como economia e administração. Há dois anos, Lídia e as filhas, Natália e Tatiana, vêm aplicando os princípios ABC nas fazendas da família. “Nós monitoramos todos os gastos da fazenda e vimos que, de fato, 20% dos custos representavam 80% dos resultados”, diz Lídia. Lição extraída por ela e transmitida às colegas: “Não percam tempo e energia com o que não tem peso nos lucros da fazenda”, disse, às voltas com tabelas e gráficos.
No caso da Dahma Agropecuária, também foram os resultados da criação de bois que levaram Maria Stella ao comando das fazendas que abatem 65 mil animais por ano e cultiva grãos. Com uma diferença: ela foi tão bem que fez o caminho inverso ao comumente observado nas empresas, de destacar algum executivo com pendores para o campo, para administrar os negócios rurais. “Comecei a administrar em 2002 toda a parte de agropecuária do grupo”, afirma Maria Stella. “Mas, nos últimos anos, coordeno também a área de planejamento da holding.” O Grupo Encalso fatura acima de R$ 1 bilhão por ano. Para Maria Stella, por causa de seu envolvimento com os negócios urbanos, o NFA é uma ponte que lhe permite manter contato com quem produz boi. “A maior parte das fazendeiras do NFA está no mercado de cria e recria de animais”, diz. “É assim que formo uma ideia sobre preços, o que me ajuda a analisar melhor os mercados futuros.”

“Nós monitoramos todos os gastos da fazenda e vimos que, de fato, 20% dos custos representavam 80% dos resultados”
Lídia, da LMS Agro
Bolsa, mercado, derivativos e ações fazem parte do universo das mulheres do NFA, tanto quanto estação de monta, marcadores moleculares e vacinas para o gado. A agrônoma Mônica Bergamaschi, atual secretária de Agricultura de São Paulo, diz que as mulheres estão se preparando melhor para enfrentar um mundo diferente. “Elas têm a percepção do potencial de produção do País e se qualificam para ocupar espaços”, diz. Para Mônica, o que diferencia as mulheres do NFA é que elas são orientadas para resultados. No início de março, Mônica era uma entre os 450 pecuaristas convidados para um dia de campo na fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO), administrada pela dentista Marize Porto Costa. A fazenda de Marize serviu aos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-Cerrados) para desenvolver um sistema de integração lavoura-pecuáriafloresta batizado de sistema Santa Brígida. “Em 2006, quando entramos na fazenda, os pastos estavam totalmente degradados e os vizinhos de cerca diziam que a Marize era maluca em mexer na terra”, diz o pesquisador da Embrapa João Kluthcouski. “Hoje, 30% das fazendas na região já aderiram ao sistema empregado na Santa Brígida.” A fazenda, que se transformou em referência de propriedade verde, já realizou 12 dias de campo para mostrar os benefícios da integração entre grãos e bois nos últimos cinco anos.
Convocadas por Marize, 14 mulheres do NFA compareceram ao dia de campo da Santa Brígida. Entre elas, Beatriz Biagi Becker, da Beabisa Agropecuária, com fazendas em São Paulo e Minas Gerais. Beatriz é uma fazendeira experiente, herdeira de terras que estão há mais de 100 anos nas mãos da família Biagi, em grandes projetos de pecuária e usinas de cana-de-açúcar. “Para mim, participar das atividades do NFA me leva a ser mais organizada no dia a dia, em função da troca de experiências”, diz Beatriz. A mesma avaliação é feita por Ana Lúcia Iglesias e Ana Luiza Vilela Viacava. Ana Lúcia, há dez anos administra com o marido, Belarmino Iglesias Filho, o restaurante Rubayat, em São Paulo, cuja família é proprietária de fazendas em Dourados (MS), onde cria animais da raça brangus em dois mil hectares de terras. Ana Luiza, por sua vez, trabalha na capital paulista, no escritório das fazendas do pai, Antônio Junqueira Vilela, que ficam no interior do Estado, no Paraná e no norte de Mato Grosso, com um rebanho de mais de 30 mil animais. “Entrei no NFA porque no Rubayat o conceito passado ao cliente vai da fazenda ao seu prato”, diz Ana Lúcia. “O núcleo é uma maneira de refletir sobre o nosso trabalho.” Como ela, Ana Luiza, integra o grupo de calouras no NFA. Há seis anos, desde que me formei em economia, estou envolvida com a fazenda, mesmo estando na cidade”, afirma Ana Luzia. “Gosto da terra e da segurança que ela me dá para o futuro.”



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